sexta-feira, 21 de agosto de 2009

MEMORIAL DE LEITURA

Meu primeiro contato com os livros foi fora do âmbito escolar, ainda em casa, pois não freqüentei os períodos escolares preparatórios para a alfabetização e esperava ansiosamente o momento de me matricular. Em 1.985, quando finalmente iniciei a primeira série, foi grande a emoção daqueles primeiros momentos em folhear a cartilha “Caminho Suave” e conhecer seus personagens, tanto como a tamanha satisfação e alegria ao juntar as sílabas e descobrir o mundo mágico da leitura. Meu pai era professor em uma escola na zona rural e trazia consigo alguns livros guardados em uma estante. Quando ele a abria, eu chegava devagarzinho, à procura de algum livro, e ali passava uma boa parte do tempo, outras vezes, me distraia com jornais velhos, lendo as tirinhas e algumas notícias.
Mas foi na 3ª série, em 1987, que ganhei meu primeiro livro, “A oração do Pai Nosso”, mérito alcançado por ter conseguido a melhor pontuação na classe em todas as disciplinas. Lia e relia-o todos os dias incansavelmente. No ano seguinte, ganhei meu segundo livrinho, “A Bíblia da Criança”, presente dado por um padre ordenado em meu município. Neste livro havia as histórias do antigo e novo testamento, todas ilustradas e com um vocabulário de fácil compreensão, era meu companheiro antes de dormir e em dias chuvosos. Nos trabalhos escolares, conheci as inesquecíveis fábulas, muitos contos de fadas e também as encantadas obras de Monteiro Lobato.
A partir daí, minha vontade em ler e conhecer novas histórias crescia cada vez mais. Nos anos finais do Ensino Fundamental, conheci a série Vaga-lume, na qual viajava com as aventuras de: “Perdidos na Ilha”, “Éramos Seis”, de Maria José Dupre; “As Aventuras de Xisto”, “Xisto no Espaço”, de Lúcia Machado de Almeida; “Cem Noites Tapuias”, “Coração de Onça”, de Orfélia e Narbal Fontes; encantei-me também com “Uma Vida em Segredo”, de Autran Dourado e “Cazuza” de Viriato Corrêa. Tinha também como diversão os almanaques do “Tio Patinhas” e outras histórias em quadrinhos as quais compartilhava com os colegas.
Depois de cursar o 2º Grau, em 1.995, distanciei-me um pouco dos estudos e em consequência, também dos livros, pois morava no interior e trabalhava nos serviços agrícolas, não me disponibilizando de tempo suficiente para determinado fim, mas aproveitava cada oportunidade que aparecia. Neste período casei-me e tive minha primeira filha. Após cinco anos, em 2.000, voltei aos bancos escolares cursando o Magistério, minha profissão veio até a mim por obra de Deus e do destino, fui para a cidade de Barbacena matricular-me num curso de mecânica de automóveis, mas, haviam terminadas as matrículas. Encontrei com algumas colegas de minha cidade que iam cursar o magistério, me convidaram e aceitei. Foi difícil, apenas eu do sexo masculino em meio à sessenta mulheres, fui um pouco criticado, tinha também as responsabilidades como pai e chefe de família, mas superei. Lá, tive a oportunidade de reiniciar e reencontrar o gosto pela leitura. Através dos trabalhos escolares comecei a conhecer novas obras e escritores famosos. Mas, foi no ano de 2.003, quando comecei a exercer minha profissão, que os horizontes se abriram. Tive o privilégio de trabalhar na Educação de Jovens e Adultos (EJA), onde me recorri a alguns escritores especialistas sobre o assunto para uma melhor preparação. Não poderia neste momento deixar de citar o nome de Paulo Freire, o Inovador da Educação. A partir daí, descobri minha verdadeira vocação e meu prazer pela leitura aumentou ainda mais, trazendo também uma vontade imensa de escrever, criar e expor no papel o que passa em nosso íntimo, acho que é isso que os escritores sentem, às vezes o que tem dificuldade em falar, expõem em suas obras literárias. Não tive mais dúvida quanto ao que realmente queria, ingressei-me na faculdade de Letras e pude ver de perto a magia da leitura, a grandeza da nossa Literatura Brasileira e de nossos autores. Não vou citá-los, pois cada um tem seu mérito individual e seria injusto se eu deixasse algum sem apresentar.
Como professor de Língua Portuguesa, procuro estar sempre atualizado, leio jornais, revistas, pesquiso informações pela internet buscando as inovações de nossa língua. Encanto-me com os poemas, contos, crônicas, romances, memórias, de autores conhecidos ou não, o que importa é o prazer de ler. E é pela leitura que o professor se destaca, adquire conhecimentos e os transmite aos alunos como algo natural, como se estivesse conversando com um colega sobre o futebol do final de semana. Para terminar, nada melhor que as palavras de nosso mestre:
“o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar, seus alunos se cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”.
Paulo Freire


Um comentário:

  1. Que história incrível! Parabéns pelo esforço e dedicacação! Sucesso sempre!!!

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