terça-feira, 25 de agosto de 2009

CONTO: A PAZ QUE PROCURO



A PAZ QUE PROCURO

Amanheceu. Os raios solares transpassavam as frestas da janela onde dormia a pequena Beatriz. Com os cantos desafinados de sua mãe na cozinha, acompanhando uma música de Roberto Carlos pelo antigo rádio à pilha, Beatriz acordou eufórica, correu para a bica onde se pôs a lavar seu rosto. A mãe Catarina interrompeu a cantoria e ralhou com ar de brincadeira:
___ Que é isso menina? Até parece um pé de vento que passou! Não me pediu a bênção e anda rápido para depenar a galinha que seu pai matou, ora essa! Êta menina!
Com um sorriso alegre e suave, Beatriz veio para a cozinha, pegou uma caneca de café no bule, tirou um grande pedaço de broa de fubá e também um pedaço de queijo, sentando-se no canto do fogão de lenha como de costume. Enquanto comia, deixava-se viajar em sua imaginação.
Menina sonhadora, inteligente, franzina, pele queimada de sol, adolescente, com seus doze anos, mas tamanho e aparência de criança. Menina feliz, cujo seu olhar irradiava e contagiava uma paz profunda. Sua voz suave como a brisa da manhã, seu sorriso meigo, afetuoso, porém, um pouco tímido. Vivia num simples casebre no interior de Minas Gerais, cercado de verdes paisagens que inundavam os olhares com as mais belas obras divinas. Os sons que se ouviam naquele “pedacinho de céu”, (nome dado por ela referindo ao seu lugarejo), eram os dos pássaros, a de uma deslumbrante cachoeira e do vento fresco e sereno que propiciava nas copas das árvores um balé sincronizado. Às vezes, essa paz era interrompida pelos sons dos berrantes, entoando canções que se ecoavam nas modeladas montanhas de pedras. Ali perto passava uma antiga estrada boiadeira, e os peões, numa organizada comitiva, conduzia o gado entoando assovios e canções rumo às tabladas. Ou então, pelas badaladas das sinetas das bestas de cargas e do ritmo preguiçoso dos carros de bois vindos da cidade grande, para abastecerem os pequenos comércios do lugarejo.
Sua rotina consistia em ajudar a mãe nos serviços da casa como também nas faxinas duas vezes por semana na fazenda vizinha, a mesma em que seu pai trabalhava. Também estudava numa escola improvisada, uma tapera doada pela família de Dona Gertrudes, avó da professora Isolina, a qual se dedicava com muito carinho sua profissão, mesmo com o baixo salário que recebia e as condições precárias que trabalhava. Nas horas de folga, ajudava seu pai e o irmão mais velho nas lavouras para o sustento da casa, enquanto sua mãe cuidava dos outros dois irmãos, um de oito anos e o outro, caçula, com dois apenas.
Beatriz aproveitava cada dia como se fosse o único, mas, o dia que ela mais gostava era o domingo.
Ah! O domingo! Dia de levantar mais tarde, brincar com os irmãos, receber visitas de parentes e amigos como também visitar os outros. E sem falar no almoço: galinha caipira, macarronada, arroz, tutu e palmito, acompanhado de uma grande jarra de limonada. À tarde, Beatriz ia para o seu quarto e se arrumava frente a um velho espelho quebrado, tendo como ajuda as maquiagens ganhas das tias da cidade. Elas ficavam guardadas como se fosse um tesouro, em uma capanga, dentro de um velho baú, lugar onde só ela sabia. Estando pronta, toda a família ia para a celebração do culto na pequena capela de Santa Bárbara. Beatriz e a mãe cantavam no coral da comunidade junto com mulheres e outras meninas daquele lugar. Depois do culto, ficava de conversas com os amigos até o anoitecer, indo embora com o clarão da lua ou das lindas estrelas que iluminavam o céu.
No terceiro domingo de cada mês, como de costume, o padre Olavo celebrava na pequena capela. Vinha gente de todos os cantos: a pé, em carros de bois, a cavalo, e os fazendeiros mais ricos como senhor Jurandir e senhor Carmo vinham de jipes ou fuscas, o que provocava olhares curiosos da rapaziada. Aquele dia era especial, dia de vestir as roupas mais novas que eram ganhas de uma prima da cidade. A missa era celebrada por volta das quatorze horas e em seguida tinha o leilão em benefício à restauração da capela. Toninho da Benedita era quem leiloava as prendas oferecidas pelos moradores do lugarejo. Com sua voz rasteira e grossa e a insistência permanente, muitas das vezes a pessoa arrematava a prenda leiloada para ter um pouco de sossego nas prosas com os compadres. A disputa ficava acirrada guando Toninho da Benedita desafiava indiscretamente os dois fazendeiros, senhor Carmo e senhor Jurandir. Um não queria perder a prenda leiloada para o outro, então os lances iam altos. Os camaradas juntavam-se a seus patrões pondo mais fogo na fogueira encorajando-os nos lances até que um desistisse, mas, este alertava sorrindo conformadamente: ___O próximo é meu! Toninho da Benedita entregava a prenda leiloada e piscava para o padre Olavo, que baixava a cabeça rindo disfarçadamente da grande proeza alcançada por Toninho.
Em uma ocasião, dona Luzia, esposa de senhor Carmo, levou junto com suas prendas uma leitoa assada, a disputa foi tão grande que se ouvia de longe os gritos atiçadores dos jovens e os alaridos das crianças a cada lance oferecido. No final, padre Olavo quase desmaiou ao receber o valor da leitoa que atingiu o mesmo valor de uma junta de bois de carro, usado no serviço de aração de terras. O próprio senhor Carmo saiu como vencedor e ofereceu o primeiro pedaço da leitoa ao seu compadre Jurandir, acompanhado de um copo de cachaça, dizendo que era para consolo, e abraçavam alegremente.
Durante o leilão, os mais velhos aproveitavam o encontro para negociar, tratar dos assuntos das roças como plantio, capina, colheita... Os rapazes flertavam de longe as garotas, mandando-lhes balas ou pastéis de presente. As crianças brincavam o tempo todo, sendo interrompidas de vez em quando pelas mães para conferir se não estavam sujando as roupas. Ao chegar à tardezinha, ao término do leilão, Mané da Chica, Quinca da viola e Bento se reunia embaixo da choça improvisada de bambus e coberta de sapés, cada qual com seu instrumento, um acordeão oitenta baixos, uma viola e um violão. Enquanto iam afinando seus instrumentos, o povo se reunia à espera de algo já premeditado, e como não faltava, eis que aparecia Zé do mé. Peão astuto, forte, rosto queimado pelo sol, conhecido assim por ser um grande apreciador de uma boa canjebrina, exagerando sempre em suas doses. Contudo, era talentoso em um desafio, apenas Quinca da viola o acompanhava. Com o litro de canjebrina no chão e um coité onde era servida a bebida, começavam a cantoria. As crianças eram as que mais apreciavam, molhavam as calças de tanto rir dos versos improvisados; as respostas na ponta da língua a cada insulto do companheiro geravam assobios e palmas para o calangueiro. O calango terminava quando o litro de cachaça chegava ao fim, então se cumprimentavam sob as palmas dos ouvintes. Os tocadores paravam um pouco para descansar, bebiam e comiam uns tira-gostos e preparavam novamente seus instrumentos, agora para o tão esperado arrasta-pé, principalmente para os solteiros, que viam naquele momento a hora certa de conquistar as donzelas. O forró acabava quase de madrugada. Ao ir embora, encontrava-se com alguns casais de namorados apreciando o céu e às vezes com o Zé do mé, deitado, tentando cantar alguns de seus versos improvisados, totalmente embriagado.
Contemplando aquele céu incandescente pelos brilhos das estrelas, Beatriz sentia a felicidade plena, a paz dentro de si. Pensava ela, que para tornar-se a pessoa mais feliz do mundo bastava apenas realizar seu sonho: estudar, ter uma profissão digna, viajar por esse imenso país e quem sabe, pelo mundo, e um dia contar ao seu povo todas as maravilhas criadas por Deus, que não couberam diante dos seus olhos. Sonho difícil para qualquer pessoa daquela época, mas não para ela, disposta a vencer qualquer obstáculo.
Dois anos se passaram e exatamente num domingo Beatriz recebeu a visita de sua tia e madrinha Joana. A pedido das cartas que Beatriz lhe mandava, Joana veio com o propósito de convencer sua irmã Catarina e o cunhado Abelardo, pai de Beatriz, em levar a menina para morar com ela, na capital. Beatriz iria continuar seus estudos que foram interrompidos na 5ª série, pois a escola mais próxima em que se concluía o Ensino Fundamental até o segundo grau completo, ficava a trinta quilômetros de sua casa, sendo pago o transporte e a merenda escolar, estando fora das possibilidades financeiras de seus pais.
Joana havia ficado viúva, e seus filhos já maiores de idade, mudaram-se pára outros estados em dedicação às suas profissões. Sentia-se solitária, mesmo com a alta conta bancária e as viagens que fazia mensalmente, precisava de uma companhia, e via em sua afilhada a pessoa ideal, pois a alegria contagiante de Beatriz traria de volta sua felicidade.
Ao término de uma semana de visita e discussões sobre o assunto, decidiram-se que Beatriz fosse, mas vindo visitá-los em suas férias. A pequena mocinha não se conteve de tanta emoção. Lágrimas lhe cobriam o rosto miúdo. Seus sonhos, prestes a serem realizados, eram interrompidos momentaneamente pela saudade que já começava a brotar. Saudade de seus pais, de seus irmãos, seus amigos, sua liberdade. Mas, sua obstinação em realizar-los, lhe fez levantar a cabeça, enxugar o rosto e despedir dos seus. E se foi. Apenas com a roupa do corpo.
O tempo também se foi. Beatriz concluiu os estudos fundamentais e o ensino médio. Especializou-se em comunicações na faculdade. Sempre em contato com sua família, mas, anos sem poder visitá-los em sua terra natal devido sua corrida vida profissional. As saudades apertavam-lhe o peito.
Com sua garra e determinação, cursou o mestrado e mais tarde, o doutorado. Viajou a trabalho para o exterior exercendo relações diplomáticas. Voltou ao Brasil para o sepultamento de sua tia Joana onde reviu a família, no qual o último encontro havia ocorrido em sua formatura de doutorado, há cinco anos. Casou-se com um rico empresário. Homem bom, honesto e fiel. Desse amor nasceu uma menina, a qual recebeu o nome de Vitória.
Durante todos esses anos, Beatriz mandava dinheiro para sua família, pedindo também informações daquele povoado. Chorava ao receber por cartas notícias de falecimentos de amigos ou parentes e se alegrava com as boas notícias dos progressos do seu “pedacinho de céu”. Ajudava também na construção da nova igreja e do colégio, onde ela mesma havia iniciado o projeto. Apesar da distância, algo ainda lhe prendia em seus tempos de criança daquele lugar.
Quarenta anos se passaram desde o dia em que se mudou para a capital. Beatriz chegou ao cume em suas realizações profissionais, viajou pelo mundo, conheceu lugares, pessoas e culturas que jamais pensava em existir. Aprendeu vários idiomas, levando em cada cantinho do planeta uma palavra amiga, um sorriso no rosto. Suas palavras e seu olhar transmitiam uma paz ilimitada até mesmo nas pessoas que sofriam pelos terrores das guerras. Tudo em que um dia sonhara estava ali, porém, Beatriz ainda procurava algo para completar a felicidade plena em que um ser humano pudesse alcançar, pois, sentia um vazio em seu íntimo.
Após noites de insônias e diálogos com seu esposo e sua filha, decidiu se afastar da carreira profissional temporariamente e visitar o lugar onde nasceu, rever seus pais que há anos não os via devido à idade avançada em que eles se encontravam, não podendo viajar. Rever também seus amigos de infância e tudo o que pertencia ao seu coração, às lembranças sempre vivas em sua memória. Sentir novamente o cheiro da terra, da chuva, ouvir o linguajar do seu povo, o jeitinho matuto de viver e o gosto do almoço de domingo feito no fogão de lenha.
Junto com o marido que muito lhe compreendia e queria bem, viajaram durante dois dias até chegarem ao seu lugarejo, antes conhecido pelo nome de Santa Bárbara, devido à padroeira da capela, agora em uma grande placa na entrada da encantada cidadezinha exibia-se o nome: Seja bem vindo a Padre Olavo de Albuquerque, nome dado em homenagem ao padre já falecido que muito trabalhou naquele lugar. Ao chegar a uma pequena pracinha, Beatriz pediu ao marido que parasse o carro. Seus olhos inundaram-se de lágrimas percorrendo cada cantinho daquele lugar, mesmo com a chegada do progresso, ainda se mantinha aquele mesmo ar do antigo vilarejo. Ao fechá-los, um filme passou em sua memória. Ali mesmo onde se sentara foi o palco dos grandes desafios; a velha choça de bambus e sapé deu lugar a um charmoso coreto cercado de hortênsias e lírios. A velha capela havia se transformado numa igreja ainda em fase de acabamento, o terreno onde eram realizados os leilões transformou-se num espaçoso adro frente à igreja. Os trilhos viraram ruas calçadas, onde já se transitava um número maior de veículos. Olhou ao redor das ruas e viu um posto de saúde, uma loja agropecuária, uma loja de roupas e calçados e também um mercado bastante movimentado. Beatriz se levantou, tirou suas sandálias de saltos e se pôs a andar pelo gramado do pequeno jardim, dali avistou o colégio, o qual ela mesma tanto se empenhou para construí-lo. Seus ouvidos captaram uma antiga canção que há muito tempo não se ouvia, era a canção de um velho carro de boi acompanhada dos gritos do candeeiro: ___ Afasta trovão! Encosta tempestade!
Beatriz limpou as lágrimas de felicidade com seu inseparável lenço de seda, sentou-se novamente não entendendo o que acontecia dentro de si. Caminhou-se até o carro para ir ao encontro de seus pais, mas foi interrompida por uma criança com um lindo lírio nas mãos dizendo:
___ Seja bem vinda dona Beatriz, nós te amamos.
Beatriz olhou em volta e se emocionou ao rever muitos dos amigos de sua época. A criança que havia lhe entregado o lírio fazia parte dos alunos do colégio que vieram com suas professoras recepcioná-la. Abraços apertados se deram a cada encontro. Os mais novos consideravam-na como uma celebridade, mas quem a conhecia sabia que era a mesma menina sonhadora, só que agora, adulta.
Aproximou-se então um casal de idosos, o homem sendo conduzido em uma cadeira de rodas e a mulher amparada por uma jovem, eram seus pais. Ao vê-los Beatriz não se conteve, correu ao seu encontro, porém não tinha mais palavras. Sentiu-se o que há muito tempo não sentia e era o que exatamente procurava durante toda a sua vida. Estava ali, naquele “pedacinho de céu”, a felicidade plena, a paz interior, a paz cobiçada por todo ser humano, a paz que o sucesso e o dinheiro não conseguiram comprar. Seu choro confundia-se com os aplausos dos transeuntes, seu coração e sua mente só sabiam de uma coisa: naquele paraíso viveria para o resto de sua vida.


Autor: Wilmar Campos de Siqueira
10/02/2009

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

MEMORIAL DE LEITURA

Meu primeiro contato com os livros foi fora do âmbito escolar, ainda em casa, pois não freqüentei os períodos escolares preparatórios para a alfabetização e esperava ansiosamente o momento de me matricular. Em 1.985, quando finalmente iniciei a primeira série, foi grande a emoção daqueles primeiros momentos em folhear a cartilha “Caminho Suave” e conhecer seus personagens, tanto como a tamanha satisfação e alegria ao juntar as sílabas e descobrir o mundo mágico da leitura. Meu pai era professor em uma escola na zona rural e trazia consigo alguns livros guardados em uma estante. Quando ele a abria, eu chegava devagarzinho, à procura de algum livro, e ali passava uma boa parte do tempo, outras vezes, me distraia com jornais velhos, lendo as tirinhas e algumas notícias.
Mas foi na 3ª série, em 1987, que ganhei meu primeiro livro, “A oração do Pai Nosso”, mérito alcançado por ter conseguido a melhor pontuação na classe em todas as disciplinas. Lia e relia-o todos os dias incansavelmente. No ano seguinte, ganhei meu segundo livrinho, “A Bíblia da Criança”, presente dado por um padre ordenado em meu município. Neste livro havia as histórias do antigo e novo testamento, todas ilustradas e com um vocabulário de fácil compreensão, era meu companheiro antes de dormir e em dias chuvosos. Nos trabalhos escolares, conheci as inesquecíveis fábulas, muitos contos de fadas e também as encantadas obras de Monteiro Lobato.
A partir daí, minha vontade em ler e conhecer novas histórias crescia cada vez mais. Nos anos finais do Ensino Fundamental, conheci a série Vaga-lume, na qual viajava com as aventuras de: “Perdidos na Ilha”, “Éramos Seis”, de Maria José Dupre; “As Aventuras de Xisto”, “Xisto no Espaço”, de Lúcia Machado de Almeida; “Cem Noites Tapuias”, “Coração de Onça”, de Orfélia e Narbal Fontes; encantei-me também com “Uma Vida em Segredo”, de Autran Dourado e “Cazuza” de Viriato Corrêa. Tinha também como diversão os almanaques do “Tio Patinhas” e outras histórias em quadrinhos as quais compartilhava com os colegas.
Depois de cursar o 2º Grau, em 1.995, distanciei-me um pouco dos estudos e em consequência, também dos livros, pois morava no interior e trabalhava nos serviços agrícolas, não me disponibilizando de tempo suficiente para determinado fim, mas aproveitava cada oportunidade que aparecia. Neste período casei-me e tive minha primeira filha. Após cinco anos, em 2.000, voltei aos bancos escolares cursando o Magistério, minha profissão veio até a mim por obra de Deus e do destino, fui para a cidade de Barbacena matricular-me num curso de mecânica de automóveis, mas, haviam terminadas as matrículas. Encontrei com algumas colegas de minha cidade que iam cursar o magistério, me convidaram e aceitei. Foi difícil, apenas eu do sexo masculino em meio à sessenta mulheres, fui um pouco criticado, tinha também as responsabilidades como pai e chefe de família, mas superei. Lá, tive a oportunidade de reiniciar e reencontrar o gosto pela leitura. Através dos trabalhos escolares comecei a conhecer novas obras e escritores famosos. Mas, foi no ano de 2.003, quando comecei a exercer minha profissão, que os horizontes se abriram. Tive o privilégio de trabalhar na Educação de Jovens e Adultos (EJA), onde me recorri a alguns escritores especialistas sobre o assunto para uma melhor preparação. Não poderia neste momento deixar de citar o nome de Paulo Freire, o Inovador da Educação. A partir daí, descobri minha verdadeira vocação e meu prazer pela leitura aumentou ainda mais, trazendo também uma vontade imensa de escrever, criar e expor no papel o que passa em nosso íntimo, acho que é isso que os escritores sentem, às vezes o que tem dificuldade em falar, expõem em suas obras literárias. Não tive mais dúvida quanto ao que realmente queria, ingressei-me na faculdade de Letras e pude ver de perto a magia da leitura, a grandeza da nossa Literatura Brasileira e de nossos autores. Não vou citá-los, pois cada um tem seu mérito individual e seria injusto se eu deixasse algum sem apresentar.
Como professor de Língua Portuguesa, procuro estar sempre atualizado, leio jornais, revistas, pesquiso informações pela internet buscando as inovações de nossa língua. Encanto-me com os poemas, contos, crônicas, romances, memórias, de autores conhecidos ou não, o que importa é o prazer de ler. E é pela leitura que o professor se destaca, adquire conhecimentos e os transmite aos alunos como algo natural, como se estivesse conversando com um colega sobre o futebol do final de semana. Para terminar, nada melhor que as palavras de nosso mestre:
“o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar, seus alunos se cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”.
Paulo Freire


RESENHA DO FILME "OS NARRADORES DE JAVÉ"



O filme “Narradores de Javé” conta a história de um povoado no interior da Bahia, denominado Vale de Javé, que sofre com a possibilidade de ter sua cidade inundada para a construção de uma Usina Hidrelétrica. Os moradores descobrem que os lugares que possuem um valor histórico são preservados e para isso teriam que comprovar ao governo através de um documento, que Vale de Javé possuía uma história rica e poderia ser tombada como Patrimônio Histórico.
Portanto, não havia nenhum registro escrito da história da cidade, somente a memória dos moradores mais antigos que poderiam contá-la. Juntos resolvem escrever um livro, de forma “científica”, para poder “provar” o valor cultural do lugar, já que seria a única forma de impedir a inundação e a perda de tudo o que possuíam. Mas, se depararam com um grande problema: as pessoas de lá não sabiam ler, nem escrever, por exceção de um único morador, Antônio Biá.
Antônio Biá era um homem pouco confiável, cheio de artimanhas,que já havia sido expulso do povoado por ter inventado várias calúnias dos moradores. Agora, a cidade dependeria dele, já que nenhuma outra pessoa era alfabetizada. Mas a finalidade era muito maior, e sem outro recurso, todos se reuniram na tentativa de convencer Antônio Biá a colaborar. A maior dificuldade seria confiar tanta responsabilidade, a vida de todos os moradores, nas mãos de um mentiroso, alcoólatra e articulador.
Mas todos, sem exceção, fizeram questão de contribuir e acompanhar toda a escrita do livro. Seguiram todos os passos de Biá, e se formou a grande confusão. Cada um tinha sua versão da história para contar, cada um transformando seus antepassados em heróis, e os relatos não se cruzavam. No primeiro relato, o fundador de Javé era Indalécio, um guerreiro em retirada que,
juntamente com seus companheiros de guerra, encontrou ali um lugar seguro. Já na versão de uma moradora, a heroína seria Maria Dina e para um morador negro, o fundador de Javé seria Indalêo, um africano. Ou seja, a história é sempre a mesma, mas os heróis são trocados de acordo com o narrador, que defende, com toda garra, a veracidade de sua versão.
Como dizia Antônio Biá “a história de Javé é uma história que já foi muito falada e contada, mas nunca escrita”. E agora, diante de uma ameaça, surge a necessidade de utilizar essa escrita, até então ignorada e distante de todos. E como dizia Biá “uma coisa é o fato ocorrido, outra coisa é o fato escrito”. E dessa forma tornou-se impossível escrever a história do Vale de Javé.
O filme mostra a importância da escrita e da memória, sem esses dois aspectos um povoado inteiro deixa de existir, se torna sem valor. E assim ocorreu, como não conseguiram provar sua história, a cidade foi inundada e todos os moradores tiveram que deixar ali suas casas, suas lembranças de uma vida inteira, dos avós, dos pais que ali foram enterrados. Lembranças de uma infância pobre, mas feliz, já que ali era o mundo que conheciam. Colocaram todos os seus bens materiais em cima de burros e do único veículo da cidade. E, assim seguiram juntos para um outro destino, um lugar sossegado para reconstruir uma nova cidadela, um novo lar.
Para não cometer o mesmo erro, Biá começa a registrar cada passo que teriam de agora em diante, as novas descobertas. Começa a primeira página do livro que seria o registro do novo povoado que iria se formar. Agora,com o registro escrito, a história não mais se perderia, não seria confundida por casos que cada um contaria a sua maneira, sob seu olhar, apresentando diferenças, desvios, exageros.
Narradores de Javé é um filme completamente marcado pela memória, mas uma memória produzida pela fala, pela narração. O filme trata a memória como algo dinâmico e não algo que pode ser arquivado e, em algum momento, resgatado.
Outro aspecto de destaque no filme é a relação entre oralidade e escrita. Vale do Javé é uma comunidade essencialmente oral. A divisão e a apropriação de terras, por exemplo, eram cantadas, ou seja, era o canto que legitimava sua posse e não um documento oficial.
Chama a atenção também a variedade lingüística do Português. O modo de falar dos personagens, as expressões utilizadas por eles, seu dialeto.
Narradores de Javé traz assuntos culturais, polêmicos e atuais, que são abordados de forma inteligente, e além de tudo o filme é muito engraçado e prazeroso de assistir.

GÊNEROS TEXTUAIS E ENSINO

Tendo em vista que todos os textos se manifestam sempre num ou noutro gênero textual, um maior conhecimento do funcionamento dos gêneros textuais é importante tanto para a produção com para a compreensão. Em certo sentido, é esta idéia básica que se acha no centro dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), quando sugerem que o trabalho com o texto deve ser feito na base dos gêneros, sejam eles orais ou escritos.
Em especial seria bom ter em mente a questão da relação oralidade e escrita no contexto dos gêneros tex­tuais, pois, como sabemos, os gêneros distribuem-se pelas duas modalidades num contínuo, desde os mais informais aos mais formais e em todos os contextos e situações da vida cotidiana. Mas há alguns gêneros que só são recebidos na forma oral apesar de terem sido produzidos originalmente na forma escrita, como o caso das notícias de televisão ou rádio. Nós ouvimos aquelas notícias, mas elas foram escritas e são lidas (oratizadas) pelo apresentador ou locutor.
Assim, é bom ter cautela com a idéia de gêneros orais e escritos, pois essa distinção é complexa e deve ser feita com clareza. Veja-se o caso acima citado das jaculatórias, novenas e ladainhas. Embora todas tenham sido escritas, seu uso nas atividades religiosas é sempre oral. Ninguém reza por escrito e sim oralmente. Por isso dizemos que oramos e não que escrevemos a Deus.
Tudo o que estamos apontando neste momento deve-se ao fato de os eventos a que chamamos propriamente gêneros textuais serem artefatos lingüísticos concretos. Esta circunstância ou característica dos gêneros torna-os, como já vimos, fenômenos bastante heterogêneos e por vezes híbridos em relação à forma e aos usos. Daí dizer-se que os gêneros são modelos comu­nicativos. Servem, muitas vezes, para criar uma expectativa no interlocutor e prepará-lo para uma determinada reação. Operam prospectivamente, abrindo o caminho da compreensão, como muito bem frisou Bakhtin (1997).
Considerando que os gêneros independem de decisões individuais e não são facilmente manipuláveis, eles operam como geradores de expectativas de compreensão mútua. Gêneros textuais não são frutos de invenções individuais, mas formas socialmente maturadas em práticas comunicativas. Esta era tam­bém a posição central de Bakhtin [1997] que, como vimos, tratava os gêneros como atividades enunciativas "relativamente estáveis".
No ensino de uma maneira geral, e em sala de aula de modo particular, pode-se tratar dos gêneros na perspectiva aqui analisada e levar os alunos a produzirem ou analisarem eventos lingüísticos os mais diversos, tanto escritos como orais, e identificarem as características de gênero em cada um. É um exercício que, além de instrutivo, também permite praticar a produção textual. Veja-se como seria produtivo pôr na mão do aluno um jornal diário ou uma revista semanal com a seguinte tarefa: "identifique os gêneros textuais aqui presentes e diga quais são as suas características centrais em termos de con­teúdo, composição, estilo, nível lingüístico e propósitos". É evidente que essa tarefa pode ser reformulada de muitas maneiras, de acordo com os inte­resses de cada situação de ensino. Mas é de se esperar que por mais modesta que seja a análise, ela será sempre muito promissora.
Então, pode-se dizer que o trabalho com gêneros textuais é uma extraordinária oportunidade de se lidar com a língua em seus mais diversos usos autênticos no dia-a-dia. Pois nada do que fizermos lingüisticamente estará fora de ser feito em algum gê­nero. Assim, tudo o que fizermos lingüisticamente pode ser tratado em um ou outro gênero. E há muitos gêneros produzidos de maneira sistemática e com grande incidência na vida diária, merecedores de nossa atenção. Inclusive e talvez de maneira fundamental, os que aparecem nas diversas mídias hoje existentes, sem excluir a mídia virtual, tão bem conhecida dos internautas ou navegadores da Internet.
A relevância maior de tratar os gêneros textuais acha-se particularmente situada no campo da Lingüística Aplicada. De modo todo especial no ensino de língua, já que se ensina a produzir textos e não a produzir enunciados soltos. Assim, a investigação aqui trazida é de interesse aos que trabalham e militam nessas áreas. Uma análise dos manuais de ensino de língua portu­guesa mostra que há uma relativa variedade de gêneros textuais presentes nessas obras. Contudo, uma observação mais atenta e qualificada revela que a essa variedade não corresponde uma realidade analítica. Pois os gêneros que aparecem nas seções centrais e básicas, analisados de maneira aprofundada são sempre os mesmos. Os demais gêneros figuram apenas para “enfeite" e até para distração dos alunos. São poucos os casos de tratamento dos gêneros de maneira sistemática. Lentamente, surgem novas perspectivas e novas abor­dagens que incluem até mesmo aspectos da oralidade. Mas ainda não se tratam de modo sistemático os gêneros orais em geral. Apenas alguns, de modo parti­cular os mais formais, são lembrados em suas características básicas.

INICIO DO GESTAR II - SBT



Inicio do GESTAR II em Santa Bárbara do Tugúrio.
1º Encontro


O Programa Gestão da Aprendizagem Escolar, GESTAR II, que se destina à Formação Continuada de Professores dos Anos Finais do Ensino Fundamental, voltado para as áreas de Língua Portuguesa e Matemática, teve sua abertura no município de Santa Bárbara do Tugúrio no dia dezoito de abril de 2.009. O encontro ocorreu no prédio da Escola Municipal “Antonio Francisco da Silva”, onde será sede de todo o curso. Tivemos um grande prazer em receber além de nossos profissionais, também os do município vizinho, Paiva, totalizando um número de quatorze professores cursistas, sete em cada disciplina. A coordenadora do Gestar II de nossa cidade, Renata Henderaich Rezende, reuniu todos os professores cursistas das áreas de Língua Portuguesa e Matemática com os professores formadores, Wilmar Campos de Siqueira e Sônia Baungrates Barbosa, e com os recursos do data source, apresentou a todos os presentes do que se trata o curso, seus objetivos, duração, direitos e deveres dos cursistas. Após, houve a entrega de todo o material onde os professores puderam analisá-los tirando também algumas dúvidas com os professores formadores e a coordenadora. Teve uma pequena pausa para um cafezinho e um pouco de descontração. Ao terminar, os professores foram encaminhados para salas separadas de acordo com suas disciplinas, onde puderam discutir um pouco mais sobre o curso e os materiais recebidos. O professor formador voltou a atenção para a leitura do Guia Geral, tirando dúvidas decorridas durante a apresentação do mesmo. Após, passou para os professores cursistas dois textos de reflexão: “A Lição dos Gansos” e “Pensar é Começar a Mudar”, onde cada parte era lida por uma professora diferente, nos quais depois de lidos foram analisados. Foi marcado então o próximo encontro, tendo como “tarefa” os estudos individuais das duas primeiras unidades da TP3. A implantação do GESTAR II foi bem recebida pelos professores mostrando–se abertos a esse novo programa.

OFICINA 5




2º Encontro
Oficina 5- Trabalhando Gêneros Textuais

Realizou-se no dia 25/04/2.009 a primeira oficina do GESTAR II. Primeiramente foram discutidas algumas dúvidas em relação às atividades a serem aplicadas em sala de aula e outros assuntos quanto ao curso. O professor formador pediu para que apontassem alguns pontos importantes encontrados no estudo das duas primeiras unidades, 9 e 10 do TP3. Como geraram controvérsias em alguns itens e atividades, foi decidido um estudo em conjunto no início de cada encontro, das partes onde os cursistas tiveram alguma dúvida em seus estudos individuais e a troca de idéias seria essencial para tais compreensões. Após estes estudos foi proposto a leitura do poema “O Operário em Construção” de Vinícius de Morais, página 68 e 69 do TP3 e em duplas, os professores responderam a atividade 4, pág. 69 e 70. Discutidas as respostas, cada professor recebeu a letra da música “Cidadão”, acompanhado da canção na voz de Zé Ramalho. Depois de se descontraírem com a música, foi entregue uma folha constando algumas perguntas sobre o texto, fazendo um paralelo entre o poema e a letra de música: o que os dois tinham em comum, a visão do operário sobre a vida, o gênero textual, as informações nos textos, a estética da linguagem, etc. Houve discussões construtivas, as quais geraram outras interpretações implícitas no texto. O encontro foi de grande aproveito, no final foi marcado o próximo e também a aplicação de um “avançando na prática” em sala de aula com seu relatório para ser entregue na oficina seguinte.

OFICINA 6

3º Encontro
Oficina 6 – A inter-relação entre gêneros e tipos textuais

No dia 16/05/2.009 foi realizada a segunda oficina do GESTAR II. Iniciou-se com a apresentação de um relato escrito e falado de cada professor sobre as experiências obtidas em sala de aula, com seus alunos. Os professores levaram para o encontro as atividades feitas pelos alunos sendo observadas por todos e durante a apresentação de cada cursista, houve trocas de conhecimentos e didáticas. Todos optaram a trabalhar com letras de músicas e poemas, reconhecendo a influência da música na interpretação e compreensão do texto. Logo após, iniciamos as leituras e debates dos itens onde geraram dúvidas durante o estudo individual de cada cursista, nas unidades 11 e 12 da TP3. Neste momento do encontro, foi possível notar a interação e envolvimento do grupo quanto às atividades do curso. Houve muitas discussões quanto às sequências tipológicas preditiva e injuntiva, mas com a explicação, exemplos e atividades da TP, os professores diferenciaram rapidamente. A oficina foi trabalhada em duas partes: intertextualidade e análises de sequencias tipológicas. Em intertextualidade, foi entregue uma folha xerocada contendo uma charge do filme “O Náufrago” envolvendo as questões políticas e uma propaganda de uma marca de massa de pizza.
Na leitura do folder entendemos algo do tipo: “Não trabalhe, não faça a massa (da pizza, do canneloni, ravioli, etc.); nós trabalhamos por você. Faça o pedido da massa que você deseja comer”. Como foi possível tal interpretação? “Não ponha a mão na massa” é uma expressão cujo sentido é culturalmente aprendido, um sentido de “não trabalhar”, “não pegar no pesado”. No contexto da propaganda de um restaurante especializado em cozinha italiana, a frase “não ponha a mão na massa” ganha mais um sentido, o de não preparar a massa da pizza ou do canneloni, por exemplo. Nesse mesmo contexto foi possível entender a frase “ponha a mão no telefone” como um apelo ao consumidor, para que esse faça seu pedido (compra) pelo telefone.
Nas sequencias tipológicas foi usado o texto “Chapeuzinho Vermelho” de Rubem Alves, nele, cada dupla analisou um trecho e explicou o porquê o analisou de tal forma. Houve uma grande troca de conhecimentos e mais uma vez o encontro foi produtivo. Após, foi marcado as atividades e relatórios a serem preparados para o próximo encontro, juntamente com sua data.

OFICINA 7



4º Encontro
Oficina 7 – O processo da Leitura e o Conhecimento Prévio.
Realizou-se no dia 23/05/2.009 o quarto encontro do GESTAR II em Santa Bárbara do Tugúrio. Iniciou-se com a apresentação dos relatórios das atividades do Avançando na Prática, TP3, unidade 11 e 12, que foram desenvolvidas em sala de aula. Cada professor cursista relatou oralmente toda sua experiência pedagógica, respondendo à perguntas feitas por outros professores e também pelo professor formador. Os professores usaram muita criatividade na aplicação do “avançando na prática”, utilizando o caderno AAA(atividade de apoio à aprendizagem), adaptando as atividades de acordo com as turmas. Logo após foi iniciada a leitura e interpretação dos itens mais importantes das unidades 13 e 14 do TP4. Durante essa parte, o professor formador já havia selecionado algumas atividades das seções a serem desenvolvidas com os cursistas, nas quais ao serem concluídas, percebia-se de forma nítida seus objetivos sendo alcançados. Depois de discutidas as respostas, foi trabalhada a oficina proposta no Caderno do Formador, pág. 30, usando o poema “Cidadezinha Qualquer” de Carlos Drummond de Andrade. Através da boa leitura feita pelos professores e o conhecimento prévio, houve uma “viagem” pelo poema e várias interpretações foram dadas a cada verso. Todos encantaram com a simplicidade da estrutura do poema contendo uma riqueza de cultura implícita em suas simples palavras. Como a turma não é grande, as atividades geralmente são feitas em duplas, mas, por decisão dos próprios cursistas, preferiram discutir todas as opiniões e pontos de vista diferentes para chegarem a uma conclusão. O interessante é que todos se manifestam individualmente, lançando suas idéias ao grupo, e nesse momento, o professor formador participa elaborando algumas perguntas para gerar debates e trocas de conhecimentos e experiências. No final foi marcado o estudo das próximas unidades, a data do próximo encontro e a lição de casa incluindo a apresentação dos relatórios.

OFICINA 8



5º Encontro
Oficina 8 – A produção textual.


No dia 06/06/2.009 ocorreu o quinto encontro do Programa GESTAR II, envolvendo os professores de Língua Portuguesa dos municípios de Santa Bárbara do Tugúrio e Paiva. A união do grupo trouxe ao curso momentos de descontração onde foi possível iniciar nosso trabalho de forma tranquila, cada professor se sentia à vontade em expor seus trabalhos e trocar experiências. No primeiro momento da oficina, ao receber os relatórios escritos e ouvir a prática pedagógica de cada professora, não foi de muita surpresa perceber que a maioria dos professores optaram a trabalhar com o poema de Carlos Drummond de Andrade “Cidadezinha Qualquer”, pois a realidade de nossos municípios é também parecida com a do poema, tornando-se o trabalho mais próximo ao aluno, ao seu conhecimento de mundo. O que me surpreendeu foi a criatividade e o profissionalismo usado pelas professoras ao trabalhá-lo em sala de aula, não se prenderam apenas nas palavras explícitas do poema, e sim, fizeram os alunos entender de forma clara e sucinta tudo o que envolve a palavra “cidade”, sua política, cultura, educação, saúde, economia, lazer, meio ambiente, etc. O trabalho foi desenvolvido em formas de cartazes, músicas, pesquisas, fazendo com que o aluno aproximasse e conhecesse melhor sua realidade comparando sua cidade com as cidades maiores. Foi possível então, juntamente com os cursistas, fazer um levantamento positivo de quanto o material do GESTAR é inovador, e trabalhado de forma correta e precisa, seus objetivos são rapidamente alcançados. Terminado todo o comentário e apresentado seus trabalhos, iniciamos uma revisão dos estudos dos tópicos principais das unidades 15 e 16 da TP4, fazendo também algumas atividades e debatendo-as. Após a leitura e compreensão destas unidades, os cursistas foram divididos em grupos para trabalharem a oficina da pág. 221 da TP4. Ao responderem as duas primeiras questões, fizemos um breve comentário sobre outras hipóteses a que podíamos chegar em relação a imagem. Ao apresentarem todo o trabalho, pode-se perceber os diferentes caminhos para chegar a um mesmo objetivo, sendo eles de forma criativa e prazerosa. Assim, o professor concluiu que usando um pouco de tempo a mais no planejamento, se ganha esse mesmo tempo em sala de aula, vencendo uma das principais dificuldades de escrever: a falta de motivação. Como as horas já haviam esgotadas, o professor formador marcou o próximo encontro, a lição de casa e o estudo das unidades 17 e 18 da TP5.

OFICINA 9

6º Encontro
Oficina 9 – Coerência Textual
No dia 20/06/2.009 aconteceu o sexto encontro do GESTAR II com os professores de Língua Portuguesa em Santa Bárbara do Tugúrio. De uma forma descontraída, os professores se envolveram numa troca de informações e experiências pedagógicas trazendo riqueza teórica, prática e confiança para o decorrer da oficina. Ao entregar os relatórios escritos dos estudos e aplicação das unidades 15 e 16 da TP4, cada professor se dispôs a relatar oralmente os resultados obtidos em sala de aula através do GESTAR. Foi usada muita criatividade para o desenvolvimento das atividades, pois os professores adaptaram o “avançando na prática” com algumas aulas do AAA, tendo em vista o nível de aprendizagem de seus alunos. Trabalharam produções de diários, propagandas, textos apelativos em cartazes, cartas, etc. O que chamou muita a atenção foi que os professores desenvolveram as produções buscando os temas “cidade” e “mundo”, este último se deu através do estudo do texto “Admirável Mundo Louco” de Ruth Rocha, onde enriqueceu ainda mais o trabalho e nossas discussões, pois se percebeu que os alunos demonstraram através de suas atividades o conhecimento prévio, leitura, e coerência textual, a qual será estudada nesta oficina. Ao terminar, iniciamos nosso estudo das unidades 17 e 18 do TP5. Foram abordados além dos tópicos principais e atividades das unidades, outros exemplos de coerências textuais encontrados nas linguagens não verbais, poemas, tirinhas, letras de músicas e propagandas. Foi entregue aos professores cursistas uma folha contendo diversas atividades de coerência que incluíam avisos paroquiais, diálogos, interpretação de textos e poemas. Essas atividades foram feitas de forma coletiva, alguém lia o exercício e daí iniciava-se o debate até chegar na forma mais coerente possível e então o texto era devidamente modificado sem perder seu real sentido. Foi também usado exemplos de propagandas e anúncios publicitários. No final, os professores trocaram ideias e o professor formador, juntamente com os cursistas, sugeriram atividades a serem trabalhadas em sala de aula. Logo após, marcou-se data do próximo encontro e as unidades a serem estudadas: 19 e 20 do TP5.

OFICINA 10


7º Encontro
Oficina 10 – Coesão Textual e Relações Lógicas no Texto.

Realizou-se no dia 04/07/2.009 o sétimo encontro do programa GESTAR II em Santa Bárbara do Tugúrio. Apesar do cansaço e do frio, os professores chegaram animados para mais uma troca de experiências. Pude perceber que o rico conteúdo do Gestar e suas propostas pedagógicas inovadoras, despertou em nossos profissionais o prazer de incluir em seus planos de aula todos os textos que circulam em nosso meio cultural, fazendo com que o aluno se aproxime do seu “mundo”, através da leitura. Ao reunirmos e iniciarmos a oficina, como nas outras, discutimos os “avançando na prática” do encontro anterior, foi surpreendente as atividades feitas pelos alunos, fruto do curso e do grande desempenho dos professores. Após a entrega dos relatórios escritos, cada professor cursista deu seu depoimento quanto à aplicação das atividades. Trouxeram também para o encontro os exercícios de alguns alunos para que todos avaliassem o progresso dos mesmos. As atividades incluíram textos, anúncios publicitários, cartazes e jogos. Depois de todos verem e comentarem os trabalhos iniciou-se a revisão dos tópicos principais das unidades 19 e 20 da TP5. Como em todos os encontros o professor formador levou alguns itens e atividades da TP a serem resolvidas e debatidas na oficina, e em cada atividade gerava uma conclusão diferente, sendo debatida e acolhida pelos demais. Através desses estudos, os professores já estavam aptos a desenvolverem a oficina da pág. 257, TP5. Após escolherem as figuras dos objetos a serem usados na elaboração do texto publicitário, os cursistas dividiram-se em dois grupos e através de cartazes apresentaram o trabalho. Foi observado e comentado por todos a coesão inter-relacionando o texto verbal com o não verbal, existente nas duas apresentações. O objetivo foi devidamente alcançado, por se tratar de anúncio publicitário, houve a construção de significados na relação da figura e do texto verbal, em que seus efeitos de convencimento foram atingidos. Foi proposto aos cursistas a aplicarem um dos avançando na prática das unidades 19 e 20 do TP5 com seus alunos. Como foram realizadas as seis oficinas propostas a essa etapa do GESTAR II, foi marcado um encontro para apresentação dos relatórios e uma avaliação parcial sobre a proposta do curso, seus objetivos e o desenvolvimento da competência sociocomunicativa de nossos alunos.

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA

8º Encontro

Entrega dos relatórios das unidades 19 e 20 da TP5.

Ocorreu no dia 11/07/2.009 na Escola Municipal “Antônio Francisco da Silva”, o oitavo encontro do GESTAR II com os professores de Língua Portuguesa dos municípios de Santa Bárbara do Tugúrio e Paiva, onde o objetivo foi o relato das atividades aplicadas em sala de aula, unidades 19 e 20 da TP5, e um debate sobre o aprendizado e as experiências obtidas através do excelente material do GESTAT II. Como em todos os demais encontros, após entregarem os relatórios, os professores sentiram-se à vontade em passar para seus colegas os pontos positivos e negativos de seus trabalhos, os procedimentos, avaliações e os objetivos alcançados durante as aulas. A interação entre os cursistas trouxe a nosso grupo de estudos uma certa “liberdade” em opinar nos trabalhos apresentados, sugerindo novas idéias que pudessem complementá-los para a obtenção de maiores resultados. Ao analisarmos todos os encontros realizados, pudemos avaliar o material do Gestar como um instrumento modernizador da educação. Conversamos sobre o projeto a ser implementado em sala de aula e sua estrutura, o qual gerou algumas dúvidas sendo esclarecidas pelo professor formador. Após toda a discussão e troca de experiências, fomos convidados a tomar um cafezinho juntamente com o grupo de professores de Matemática, havendo um clima de união e descontração entre esses profissionais da educação. Assim terminamos esta primeira e gratificante etapa do Gestar.

ATIVIDADES - GESTAR II

Atividade 3 (p. 21) do TP3

O texto 2 trata-se de uma receita culinária. Esse tipo de texto segue uma estrutura única, onde é dividido em duas partes: os ingredientes e o modo de preparo.
O texto 3 é um anúncio publicitário. Tem como principal objetivo divulgar o trabalho do Greenpeace e convencer o leitor associar a eles, considerando sua causa digna de apoios.
Ao perceber a imagem usada no anúncio, com o conhecimento prévio do leitor, dá-se uma relação intertextual com a famosa historinha de Chapeuzinho Vermelho. A pergunta do texto 2 não necessita basicamente de um “sim” ou “não”, ela busca uma reflexão e conscientização do leitor sobre a questão do desmatamento, prevendo uma paisagem, um mundo diferente para as gerações futuras.
A imagem do texto 2 não é necessariamente precisa, pois com a estrutura do texto, sabe-se que se trata de uma receita culinária. Já no texto 3, a imagem é o foco principal do texto, desde que o leitor faça a comparação da ilustração com a historinha infantil da Chapeuzinho Vermelho. Para entender um texto basicamente ilustrativo de um anúncio publicitário, deve haver um conhecimento prévio do assunto, relacionado com a intertextualidade nele apresentado.
Ao comparar um texto biográfico, uma receita culinária e um anúncio publicitário, percebemos que há maneiras diferentes de organizar linguisticamente as informações no texto, mas, são semelhantes na maneira de organizar essas informações, quando esses textos pertencem ao mesmo gênero.

O QUE ENTENDEMOS SOBRE TRABALHO
Atividade 2 (pág 18) TP3


Ao mencionar a palavra “trabalho”, logo nos vem a ideia de um esforço físico ou mental do indivíduo no qual é remunerado, e é a partir dessa ideia que rege o equilíbrio financeiro da sociedade. Em nossa área profissional como educadores, exercemos esse trabalho, no sentido estrito, porque passamos nosso conhecimento como profissionais prestando serviço para a comunidade e em troca recebemos a remuneração. Muitas pessoas se atribuem a trabalho somente onde há um maior desgaste físico, mas, diante do progresso tecnológico, o trabalho intelectual tem representado uma porcentagem maior e mais valorizado financeiramente. Nosso lazer como: jogar futebol, pescar, viajar e tudo que se faz por vontade própria sem receber dinheiro em troca, por muitos, não são considerados trabalho, mas também nos esforçamos mentalmente e fisicamente para chegar à determinado objetivo. Percebo em minha comunidade a valorização do trabalho àqueles que exercem funções administrativas, agentes da saúde, médicos, dentistas e também os profissionais voltados à área da Educação. Uma situação bem oposta aos trabalhadores braçais, diaristas, pequenos agricultores, lavradores e pecuaristas, que não são valorizados de uma forma justa. Nota-se esta diferença devido ao grau de escolaridade ou curso profissionalizante dos que ocupam cargos de maior importância na sociedade, com isso mais remunerados, sendo que os diaristas, os menos valorizados, são em grande maioria analfabetos ou com escolaridade incompleta. Tendo-se uma visão ampla do problema, se vê que isso não acontece somente em minha comunidade, mas sim, podemos comparar a nível nacional chegando a uma conclusão da grande importância da cultura escrita na formação do cidadão.